quinta-feira, 30 de junho de 2011

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Memórias Póstumas de Brás Cubas

- Autor: Machado de Assis
- Ano de publicação: 1881
- Escola literária: Realismo
- Personagem central: Brás Cubas
- Narração: primeira pessoa

A obra

Livro decisivo para a “viravolta” machadiana, Memórias Póstumas de Brás Cubas dá início à segunda fase de sua obra, dita realista. Trata-se da história de um homem da elite carioca dos tempos do Império que repassa sua vida de feitos insignificantes do além-túmulo, uma vida cujo balanço, nas palavras do autor suposto, teve um saldo positivo: não ter ganhado o pão com o suor do rosto e não ter deixado descendentes.

Marcado por constante diálogo com o leitor (que é mimado, por um lado, e ofendido, por outro), por capítulos curtos, e digressões do autor, o texto segue até hoje desafiando os limites da literatura realista, pois atenta, só para tomar um exemplo, contra muitos princípios dessa escola, especialmente se pensarmos que o narrador está morto, constituindo-se, nas palavras do próprio Brás, um defunto-autor.

Há contudo que enxergar através do pessimismo frente à condição humana de Machado, traçado por Brás com “a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, uma crítica ao vazio de ideias e ao descolamento da realidade das elites brasileiras do século 19 representadas.

Vale ainda destacar a aparição do filósofo Quincas Borba, retomado posteriormente em obra homônima, além da tentativa, por parte do protagonista, de criar o Emplasto Brás Cubas, um remédio capaz de nos curar de nossa congênita melancolia, duas oportunidades em que Machado ataca um dos pilares dos oitocentos: o cientificismo.

Como ler
- Importância do livro: inicia a fase das grandes obras machadianas e também o Realismo no Brasil.
- O que o vestibulando deve observar: o jogo constante do narrador. O enredo do livro é simples, mas ele está sempre marcado pelas interferências e manipulações do narrador.
- Dificuldade do livro: a leitura de Machado pode ser difícil para os leitores jovens. Não há dificuldade de vocabulário, mas a estrutura narrativa, para os que estão acostumados a histórias lineares, pode se tornar desafiadora.
- Como entender/conhecer o personagem principal: lembre-se sempre que o autor está morto, podendo assim ser muito mais sincero e direto nos comentários que faz sobre si mesmo e os outros. Atentar para a crueldade manifestada diversas vezes por Brás Cubas, como no episódio do escravo Prudêncio.
- Uma chave de leitura: tente enxergar os fracassos de Brás. A sede de nomeada (de fama) não se realiza com o malogro de sua invenção – o emplasto Brás Cubas. A ausência de descendentes, vista como um saldo positivo ao final do romance, de certa maneira se contradiz se lembrarmos que no meio do livro o protagonista estava muito feliz com o filho que iria ter com Virgília antes que ela naturalmente abortasse.
 Pedro Gonzaga
Grupo Unificado
Zero Hora: Vestibular - 29/06/2011
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