quinta-feira, 14 de julho de 2011

Poemas de Álvaro Campos - Fernando Pessoa

Poemas de Álvaro Campos

Autor: Fernando Pessoa
Ano de publicação: datas variadas
Escola literária: modernismo português 

A obra

Álvaro de Campos é um dos três famosos heterônimos de Fernando Pessoa, ao lado de Alberto Caeiro e Ricardo Reis. De sua ampla produção, a UFRGS selecionou 10 poemas que abarcam boa parte de sua variedade temática – é o único dos heterônimos que passa por fases distintas. É tido pelos estudiosos como o mais próximo do leitor contemporâneo.

Dentro da seleção, podem ser destacados três poemas exemplares de sua forma e estilo: Ode triunfal, um canto de louvor ao mundo moderno de máquinas e grandes construções; Tabacaria, fruto da visão de um poeta desiludido com os homens e sua sociedade, para quem o mundo amplo da modernidade está reduzido a um quarto que dá para uma tabacaria; e Poema em linha reta, um ataque feroz ao mundo dos que se consideram vencedores. Aqui o poeta assume o lugar do perdedor, pois ninguém mais senão ele parece ter “levado porrada” na vida.

Como ler

Importância dos poemas: Álvaro de Campos representa como nenhum dos outros heterônimos (incluindo aí o próprio Fernando Pessoa) a angústia e a solidão do homem moderno no coração das grandes cidades. Sua voz se ergue como uma das mais importantes da lírica do século 20.

O que o vestibulando deve observar:

- O processo de heteronímia. Como bem salienta a professora Jane Tutikian em sua Antologia de Fernando Pessoa, para que possa haver um heterônimo (e não só pseudônimo) é preciso que o mesmo tenha uma biografia, um estilo e ideias próprias, distintas daquelas do poeta que o criou.

- A influência de Alberto Caeiro (o mestre) sobre a poesia de Álvaro de Campos. Tal influência se faz clara em Mestre, meu mestre querido e poderia ser resumida em uma simplificação do mundo nascida do contato com a natureza e com a desistência de pensar em qualquer coisa que não esteja ao alcance dos sentidos.

- Três fases da obra: simbolista (nenhum poema), Futurista-sensacionista (Ode triunfal) e Desencantada – fracasso da modernidade/conhecimento de Caeiro (os outros nove poemas).

- A ironia e o fingimento, ferramentas constantes no universo de Pessoa.

Dificuldade do livro: como todo texto poético, os poemas de Álvaro de Campos exigem do vestibulando uma leitura cuidadosa. Recomenda-se a leitura vagarosa, verso a verso. A linguagem, no presente caso, não é um problema, uma vez que Campos busca a coloquialidade.
 Pedro Gonzaga
Grupo Unificado
Zero Hora: Vestibular - 13/07/2011

Lucíola - José de Alencar

- Título da obra: Lucíola
- Autor: José de Alencar
- Ano de publicação: 1862
- Escola literária: Romantismo
- Personagem central: Paulo
- Narração: 1ª pessoa

A obra

Lucíola é obra central dentro da vertente dita urbana na obra de José de Alencar. Trata-se das desventuras de um jovem provinciano, Paulo, que chega ao Rio para estudar Direito. Guiado por Sá, um homem de livre trânsito na sociedade (vale lembrar a famosa festa na casa do Sá), Paulo conhecerá Lúcia, uma das mais famosas cortesãs de sua época. Como é comum nos romances românticos, haverá entre Paulo e Lúcia uma paixão fulminante.

Depois de inúmeras complicações, não podemos esquecer que o livro guarda as características do folhetim europeu, os dois estabelecerão uma relação estável, mas, para que isso fosse possível, Lúcia teve de passar por um processo de purificação, eliminando o aspecto físico da equação amorosa e revelando a Paulo seu passado puro, quando se chamava Maria da Glória, antes de ter de se prostituir para salvar sua família da indigência produzida por um surto de febre amarela. Ao descobrir, porém, o que a filha fizera para que sobrevivessem, o pai a expulsa de casa. Para poupá-los da vergonha, Maria da Glória se passa por morta, adotando o nome de Lúcia. Apesar disso, não interrompe o contato com os familiares, financiando a educação da irmã, Ana, a fim de que esta possa fazer um bom casamento burguês, ao contrário dela.

O desfecho da história se dá com a morte de Lúcia, depois de um aborto natural. Tudo o que aconteceu é contado por Paulo à senhora G.M., uma velha dama da sociedade que serve de leitora-editora do livro que nós conhecemos como Lucíola.

Como ler
- Importância do livro: ao lado de Senhora, é o mais bem acabado dos perfis femininos da obra de Alencar.

- O que o vestibulando deve observar: a importante função da senhora G. M., confidente de Paulo, que garantirá como recurso literário que a moral da narrativa será mantida para outras leitoras (lemos o que ela leu e aprovou) e também a intenção – dentro do livro – de Paulo provar a pureza de seus sentimentos. E ainda a solução moralizante do livro. Lúcia era uma cortesã, ou seja, uma criatura que podia vender o próprio corpo, ainda que se visse, por vezes, como um bem público. De todo modo, dispunha de uma liberdade que as mulheres burguesas, submetidas a um senhor patriarcal, não possuíam. Se ela pudesse ser sexualmente livre e também fazer um casamento burguês com Paulo, teríamos uma afronta intolerável aos padrões comportamentais do século 19.

- Dificuldade do livro: a obra não apresenta nenhuma dificuldade marcante. O vocabulário é acessível, e a trama, bastante convencional. É preciso atentar para os detalhes de enredo.

- Como entender o personagem principal

O livro marca um processo de aprendizagem para o protagonista Paulo. De jovem provinciano, ele deve passar a figura importante na sociedade carioca. A ingenuidade com que se entrega ao amor pela cortesã Lúcia logo é condenada por Sá e pelos demais personagens, como Cunha, por exemplo. A perda de Lúcia, a impossibilidade deste amor, leva-o ao amadurecimento.

Observar a transformação-purificação de Lúcia. De cortesã sedutora e ousada ela passa quase a um caráter de freira, lavando literalmente o corpo de todo o pecado. Ao retornar à personalidade de Maria da Glória, no entanto, já não poderá ter com Paulo as relações completas de um amor romântico, dando-nos a impressão, ao final do livro, que na casinha que dividem com Ana no subúrbio vivem uma relação fraternal.
 Pedro Gonzaga
Grupo Unificado
Zero Hora: Vestibular - 06/07/2011

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

Memórias Póstumas de Brás Cubas

- Autor: Machado de Assis
- Ano de publicação: 1881
- Escola literária: Realismo
- Personagem central: Brás Cubas
- Narração: primeira pessoa

A obra

Livro decisivo para a “viravolta” machadiana, Memórias Póstumas de Brás Cubas dá início à segunda fase de sua obra, dita realista. Trata-se da história de um homem da elite carioca dos tempos do Império que repassa sua vida de feitos insignificantes do além-túmulo, uma vida cujo balanço, nas palavras do autor suposto, teve um saldo positivo: não ter ganhado o pão com o suor do rosto e não ter deixado descendentes.

Marcado por constante diálogo com o leitor (que é mimado, por um lado, e ofendido, por outro), por capítulos curtos, e digressões do autor, o texto segue até hoje desafiando os limites da literatura realista, pois atenta, só para tomar um exemplo, contra muitos princípios dessa escola, especialmente se pensarmos que o narrador está morto, constituindo-se, nas palavras do próprio Brás, um defunto-autor.

Há contudo que enxergar através do pessimismo frente à condição humana de Machado, traçado por Brás com “a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, uma crítica ao vazio de ideias e ao descolamento da realidade das elites brasileiras do século 19 representadas.

Vale ainda destacar a aparição do filósofo Quincas Borba, retomado posteriormente em obra homônima, além da tentativa, por parte do protagonista, de criar o Emplasto Brás Cubas, um remédio capaz de nos curar de nossa congênita melancolia, duas oportunidades em que Machado ataca um dos pilares dos oitocentos: o cientificismo.

Como ler
- Importância do livro: inicia a fase das grandes obras machadianas e também o Realismo no Brasil.
- O que o vestibulando deve observar: o jogo constante do narrador. O enredo do livro é simples, mas ele está sempre marcado pelas interferências e manipulações do narrador.
- Dificuldade do livro: a leitura de Machado pode ser difícil para os leitores jovens. Não há dificuldade de vocabulário, mas a estrutura narrativa, para os que estão acostumados a histórias lineares, pode se tornar desafiadora.
- Como entender/conhecer o personagem principal: lembre-se sempre que o autor está morto, podendo assim ser muito mais sincero e direto nos comentários que faz sobre si mesmo e os outros. Atentar para a crueldade manifestada diversas vezes por Brás Cubas, como no episódio do escravo Prudêncio.
- Uma chave de leitura: tente enxergar os fracassos de Brás. A sede de nomeada (de fama) não se realiza com o malogro de sua invenção – o emplasto Brás Cubas. A ausência de descendentes, vista como um saldo positivo ao final do romance, de certa maneira se contradiz se lembrarmos que no meio do livro o protagonista estava muito feliz com o filho que iria ter com Virgília antes que ela naturalmente abortasse.
 Pedro Gonzaga
Grupo Unificado
Zero Hora: Vestibular - 29/06/2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Clube da Leitura 2011

Atenção leitores, o Clube da Leitura está reiniciando suas atividades no dia 31 de maio. Os participantes interessados devem confirmar a sua presença pelo e-mail:  leiadombosco@gmail.com
A experiência iniciada em 2010 foi um sucesso e rendeu muitos momentos de convivência e estudo dirigido na companhia de bons livros. É no desejo de agregar amantes da leitura num ambiente de troca de experiências que o Clube convida a todos os interessados do Ensino Médio e Fundamental Séries Finais a participarem.

Existe uma proposta inicial que envolve leitura conjunta, discussão sobre o assunto lido e produção artística relacionada. No entanto, as atividades realizadas pelo grupo têm uma dinâmica toda particular, com possibilidade de criação e alteração conforme o interesse dos participantes.

A leitura é crucial para a aprendizagem do ser humano, pois, é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e ampliar nossos horizontes. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto, isso geralmente acontece por falta de hábito. É esse o principal objetivo pelo qual iniciamos esse projeto: desenvolver o hábito e o prazer da leitura nos alunos do Colégio.

Os encontros do grupo acontecerão nas terças-feiras, das 14 às 15 horas, na sala ao lado da capela.

Cronograma:
Enc.DataAtividade
31/05Apresentação da proposta do grupo, conversa sobre a importância da leitura e escolha do livro.
14/06Debates sobre o livro, apreciação de trabalhos artísticos relacionados com o livro, troca de experiências sobre leituras feitas, atividades de reflexão e elaboração textual sobre os livros lidos, escolha de novo livro (conforme a dinâmica dos leitores)
28/06
12/07
02/08
16/08
30/08
13/09
27/09
10º11/10
11º25/10
12º01/11
13º08/11Fechamento do Projeto com a socialização dos resultados alcançados para a comunidade escolar. Os pais estão convidados a assistir às apresentações preparadas pelo grupo sobre as obras lidas.

Obs.: o fechamento dos encontros, que acontecerá no dia 08 de novembro, será realizado no Auditório P. Mássimi, das 18h30min às 19h30min
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